Muito tem se falado do iPad, seja bem ou mal. Porém, o mais importante, que é o que pode fazer do iPad um sucesso ou fracasso, poucos discutem: será que o mercado está no ponto para substituir livros impressos por arquivos? Essa é a pergunta correta para que o sucesso da Apple na área musical se estenda aos livros.
Falar do possível sucesso do iPad sem entender o sucesso iPod é enganoso. Enganoso porque o MP3, um formato digital de música, já era padrão de fato para áudio mais de 5 anos do primeiro iPod ser lançado. Mais importante, o MP3 e formatos semelhantes não mudaram de maneira significativa a forma pela qual as pessoas escutavam as suas músicas. Mudara apenas a forma na qual a música era armazenada, mas não mudara o como se escutava música: em alto-falantes ou fones de ouvido.
Agora, temos o mesmo acontecendo com livros? Temos formatos razoavelmente estabelecidos, como o PDF. Mas, até agora, usar um livro digital implica em mudar o jeito que se lê o livro. Tela de LCD/LED não é igual a papel. Não tem a mesma relação de contraste, não tem a mesma resolução e, mais importante, cansa mais os olhos, em especial pela emissão de luz da tela. A experiência é outra e, ao meu ver, as discussões do iPad, Kindle e outros leitores passam ao largo desse ponto crucial.
Pessoalmente, não curto ler livros na tela do computador e não vejo porque ler um livro no iPad seria muito diferente. Claro, a ergonomia seria outra, mas a tela continuaria sendo um problema. Quem sabe, se a Apple ou Amazon encontrarem uma maneira de melhorar a leitura nos dispositivos, eu até venha a comprar um. Mas até lá, o papel impresso continua sendo melhor.
3 comentários:
Eu vi que a tela do Kindle (não sei a respeito do IPad) não emite luz própria, assemelhando-se (não sei até que ponto) à ler no papel. Não sei também se isto é um fato (já que na reportagem foi feito apenas um comentário a respeito), ou mesmo qual a possibilidade técnica do aparelho ser assim realmente. Segundo a fonte (era uma reportagem do Jornal da Globo), essa característica foi implementada para evitar a vista cansada por causa do lcd e sua luminosidade.
Fora isso, concordo com você no que diz respeito à moda não pegar, ao menos por enquanto. Lançaram os netbooks porque as pessoas não queriam mais carregar notebooks trambolhos, então acho complicado alguém sair por aí com uma "bandeja" embaixo do braço.
Outro dia não inventaram uma tecnologia de tela flexível com células que ficam pretas ou brancas conforme a polaridade aplicada sobre elas (o pigmento sobe ou não)? Se fizessem um leitor assim pra mim já estaria de ótimo tamanho, e não deve cansar a vista...
Isso chama-se "tinta eletrônica", o consumo é baixíssimo, mas até agora não e viável do ponto de vista comercial se comparado com LCD e LED. Teria ainda o problema da resolução. Fazer 300 ou 600DPI no papel é barbada, mas nenhum monitor de alta definição chega perto disso, fica na casa dos 92 DPI na média.
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