segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pacific Rim (Círculo de Fogo)

Para comemorar que acabei os experimentos para a revisão do artigo, resolvi pegar um filme. Apesar de querer ver o Man of Steel, a escassez de opções em Inglês na rive sud e a falta de vontade de atravessar a ponte Champlain para ainda pagar estacionamento em Montreal, sobrou uma escolha : Pacific Rim. Solta o trailer.


Sim, não é impressão sua. Além do clássico Godzilla, se você já teve contato com animações como Evangelion, Gunbuster, Gundam, Giant Robot, Escaflowne, etc; ou mesmo com os seriados super sentai como Ultraman e congêneres, você já viu isso tudo antes. Provavelmente de uma forma um pouco mais original até. OK, Ultraman consegue ser pior, então vamos dar um desconto.

Sendo um filme americano, a expectativa não era das melhores. Começa com o filme explicando o significado de Jaeger (os robôs) e Kaiju (os monstros), palavras em alemão e japonês, respectivamente (em plena era do Google e IMDB, deixa o pessoal correr atrás). O roteiro é previsível, com mais furos do que um queijo suíço e a gente sabe desde o começo que os humanos vão vencer. A única surpresa é a falta de um beijo do casal protagonista no final do filme. Mas o prospecto de ver algumas cenas de batalhas épicas em 3D no cinema me fizeram desligar o cérebro e ficar com a ideia de que o que viesse seria lucro. Ajudou bastante, diga-se de passagem, para curtir as batalhas, que do ponto de vista "realismo" fazem você acreditar que, se robôs de 120m de altura existissem, eles seriam parecidos com aquilo.

Raleigh e Mako, o casal de protagonistas na cabine do Gipsy Danger.

Como o trailer mostra, o foco é na ação e o visual dos robôs (os Jaegers) lutando contra os Kaijus, os invasores alienígenas. É o tipo do filme para se ver no cinema, em 3D, numa tela gigantesca. A TV em casa não faz jus ao que se vê na telona (a não ser que a sua seja uma TV 4k de 80" ou mais). Então, se você tiver vontade de ver o filme pelas cenas de ação, vá logo ao cinema e dispense a sessão no conforto do home theater.
 
O Gipsy Danger, Jaeger dos personagens principais.
 O resto é mero acessório e deveriam lançar uma versão do diretor, só com as cenas de batalha e sem a parte constrangedora que chamam de roteiro. Melhor, podiam deixar só a parte com a dupla de cientistas, o Dr. Geiszler e o Gottlieb, que salvam o filme com uma interpretação cômica legal. Muita coisa conspira para eliminar a sensação de suspensão de realidade. A necessidade de sincronizar dois pilotos para controlar um robô serve mais como atalho para contar o passado dos personagens (já que eles compartilham as lembranças nesse momento), do que algo que faça muito sentido no universo. Até porque dois personagens do filme pilotaram Jaegers sozinhos.  Logo na primeira cena o Raleigh e o irmão usam um capacete com um líquido dentro dele que esvazia (não deveria encher para fazer sentido?), mas depois todos os Jaeagers, inclusive o próprio Gipsy Danger da cena inicial, dispensam o recurso. O lançamento da cabeça do robô, levando os pilotos dentro, que desce e se encaixa no corpo de metal, é mais teatral do que efetiva. Apesar de serem robôs de combate, o arsenal utilizado por eles é tão pequeno, além de mal utilizado, que chega a ser surpreendente que eles derrotem os Kaijus. Tem muito mais a esse respeito, mas fica o aviso de que o filme não é lá muito elaborado no departamento roteiro.

Batalha na órbita terrestre. Uma das melhores cenas do filme.
Mas o filme está lá pelas batalhas e o visual fantástico dos Jaegers e Kaijus, coisa que o Guillermo del toro já tinha mostrado competência antes em Hellboy e O Labirinto do Fauno. Em particular, a batalha que se passa na órbita terrestre com o único Jaeger alado do filme é espetacular. Por mais que a gente saiba que uma ave não conseguiria voar até a órbita terrestre (momento suspensão de realidade). Destaque também para a cena em que o Gipsy Danger carrega um barco para usar como uma espécie de taco para descer a lenha num Kaiju (tem no trailer, inclusive). Semelhante a lista dos problemas de consistência no filme, poderia ficar um bom tempo falando de outras cenas de ação e do visual excepcional delas, mas fica a dica: o ingresso no cinema se paga com elas se você esquecer do resto.

A inspiração do filme deve muito aos animes Evangelion e Gunbuster. Muitas coisas ali, inclusive, arrisco dizer que não são mera coincidência e vão além de uma homenagem embutida no filme. A sincronização do piloto com o robô é copiado descaradamente de Evangelion, além da ideia de que os monstros viriam ordenadamente (e previsivelmente) até atingir o seu objetivo (se bem que Tokyo-3 era um alvo mais preciso). O próprio visual da Rinko Kikuchi como a Mako tem muito de Rei Ayanami, que só não é mais gritante por eles limitarem a colocar só duas mechas azuis no cabelo e pela Mako ser mais expressiva.

A inspiração e a cópia. Achei essa imagem aqui, então, não sou só eu não.

Já de Gunbuster vem muito o esquema do controle físico do robô. Apesar de sincronizar o cérebro com o robô, os pilotos devem se mover no interior dos robôs, bem parecido com a Buster Machine do último episódio. Sem contar, claro, com monstros que vem por uma espécie de portal para atacar a Terra, ou até a ideia de se ir até o lar dos Kaijus para cortar o mal pela raiz. 

No final das contas acabei me divertindo bastante observando as fontes das quais o Guillermo del Toro bebeu descaradamente. Além de aproveitar algumas das melhores cenas de ação da ficção científica recente, o que já pagaria a entrada. Mas se isso apenas não é o bastante pra você, fica a recomendação: espere sair na locadora ou assista algum dos originais. Pelo menos esses tem um quê de original a mais do que Pacific Rim.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ironstone Obsession 2011

Pois bem, eis que volto a escrever sobre vinhos depois de um tempo parado (mudança e otras cositas más). Apesar do backlog de vinhos, deve ter uma meia-dúzia esperando algumas palavras minhas, vou falar hoje desse vinho de usa symphony, desenvolvida na Califórnia. Vamos falar do Obsession 2011, da vinícola Ironstone. A uva symphony é uma mistura a partir de uvas moscatel da Alexandria com grenache cinza. É um vinho branco e meio seco, o que me fez ter certas reservas de início (meio seco, fala sério, toma refrigerante de uma vez). Mas a descrição de que ele acompanha bem queijos persillés, como o gorgonzola ou o outros bleus, me animou.




Pois bem, surpresa! O vinho combina perfeitamente com os queijos esverdeados e seus semelhantes. Não que eu duvidasse da descrição no SAQ, mas é uma daquelas combinações raras de sabores, em que os sabores não só se complementam, mas se amplificam e criam um terceiro sabor, muito superior aos sabores originais. A ressalva fica por conta de que o vinho não combina bem, necessariamente, com outros queijos. O petit rubys (um queijo mole de sabor forte), que eu comi junto, não teve grandes problemas (só não gerou um sabor novo), mas o queijo de cabra (terceiro da noite, afinal, era um jantar de queijos) gerou um sabor não muito agradável. 

O mais interessante foi quebrar o mito de que queijos fortes combinam com vinhos tintos. Definitivamente o queijo de cabra encontraria um contra-ponto mais adequado com um tinto, mas os queijos persillés, apesar de fortes, não combinam bem com um tinto como eles combinam com um vinho da uva symphony. Lendo um pouco mais descobri que vinhos brancos vão melhor com esses queijos. Um bom ponto de partida para explorar um pouco mais os vinhos brancos, apesar da minha preferência pelos tintos secos.

No final, vale a pena? Pelo preço de $14,80CAD no SAQ, é um vinho para se tomar nas ocasiões especiais em que se vai degustar um queijo verde, então é com certexa um vinho para se tomar com os amigos numa noite de queijos e vinhos, em que a fartura de opções impera, seja nos queijos, ou nos vinhos. Para uma aventura solo, é um pouco mais arriscado. Com o baixo teor alcoólico, apenas 11,5% (é um meio seco) o vinho foi inteiro, então, pode valer a pena de acordo com a ocasião.