Aparentemente uma boa idéia, só que a prática tem se mostrado dura com a Tec Toy, deixando claro que uma idéia boa não é necessariamente uma idéia de sucesso. Mais triste ainda é que, lamentavelmente, nem tudo é culpa da Tec Toy. Esses dias teve uma entrevista tensa com o CEO da Tec Toy, apontando os jogadores hardcore como principais críticos o Zeebo, então Vamos aos fatos para ver até onde vai o buraco em que a Tec Toy se meteu.
O maior problema do lançamento do Zeebo é que, tirando o povo mais hardcore, pouquíssimas pessoas conhecem o aparelho. Não ficaria surpreso se você, lendo este post, tivesse contato com o aparelho pela primeira vez. Aonde foram parar as mega-campanhas do lançamento do Master System e do Megadrive? Claro, o dia das crianças está chegando e é provável que algum esforço aconteça. Mas quando só parte do público tradicional de games conhece você, é porque o marketing não está fazendo a lição de casa.
Em seguida vem o aparelho em si. Ser baseado na plataforma Brew da Qualcomm (para facilitar a conversão de jogos de celulares) indica o tipo de jogos a se esperar. Melhores que um PS1, mas inferiores a um PS2. Nada de mais, não fosse o sonho de consumo da molecada emergente ser justamente o PS2, que, por ironia do destino, custa um preço parecido. No Submarino, está por R$499,00 um Zeebo e R$519,00 um PS2. Isso no mercado oficial, então quem dirá no cinza, já destravado e com um controle extra (e uma seleção de jogos de "brinde"). Associe isso à cultura local com o PS2 (incluindo Winning Eleven), é fácil ver que o Zeebo tem muito chão pela frente para para ganhar o mercado. É chato, mas o Zeebo é caro até no México, aonde custa 2500 pesos e o PS2 custa 2599 com o Winning Eleven 2008 incluso.
Depois vem os jogos. Com raras exceções, são jogos convertidos de celular com poucas ou nenhumas melhoras. Mais uma vez o preço é um fator determinante, R$10,00 a R$30,00 para quem está acostumado a pagar R$10,00 no jogo pirata de PS2, com valores de produção elevados, não é atraente. Claro, os do Zeebo são originais, só que o comprador leigo vai no camelô e vê um jogo muito melhor por R$10,00 e não pensa duas vezes para tomar uma decisão. É um problema cultural, mas é fato que enquanto o jogador casual tiver um preço igual por algo melhor, ele vai estar se lixando se é pirata ou original. O curioso é que a proposta do Zeebo é colocar um console aonde as produtoras possam ter receita em países em que a pirataria come solta, já que não há mídia e os jogos vem por rede aberta. Só que a cultura já instalada não deixa isso funcionar. Seria muito mais fácil o Zeebo pegar em um lugar civilizado, com baixa pirataria, do que no Brasil, México ou China.
Em resumo, a situação é ruim porque:
- Quem é hardcore mesmo quer um PS3 ou um XBox 360 e vai passar longe do Zeebo.
- Quem é casual e tem um pouco mais de dinheiro, compra um Wii por ser mais "maneiro" no momento.
- Quem tem orçamento modesto vê o PS2 com bons olhos por ser bom e barato, com muitos bons jogos.
- Quem tem pouquíssimo orçamento, compra um clone de Nintendinho com 300 jogos na memória por menos de R$100,00.